Da nossa sala vê-se o Mundo. Aqui pretendemos verter algum do trabalho desenvolvido pelos alunos e professores de Geografia da Escola Secundária da Sé - Guarda. Será, também, um espaço de comunicação e tranferência de informação com relevância geográfica.
sexta-feira, 8 de janeiro de 2021
quinta-feira, 7 de janeiro de 2021
O frio na Guarda em janeiro de 2021
Previsões para a Guarda de 7 a 16 de janeiro 2021
Carta Sinóptica - 7.01.2021 - 12h
Hoje:
Executive Digest
- em 7.01.2021
Vórtex polar separa-se e mergulha Europa em vaga de
frio extremo. Portugal sofre impacto menor
A subida das temperaturas no Pólo Norte está a
fazer com que partes do vórtex polar se separem e se movam para o sul, levando
à possibilidade de um inverno particularmente rigoroso na Europa, Ásia e
Estados Unidos, avança o ‘The Washington Post’. Contudo, Portugal não será tão
afetado quanto outros países.
O vórtex polar, que a Administração Oceânica e
Atmosférica Nacional (NOAA), dos Estados Unidos, define como “uma grande área
de baixa pressão e ar frio em torno dos polos Norte e Sul da Terra”, geralmente
mantém-se forte e estável.
Conforme relatado pela mesma publicação, quando o
vórtex se mantém estável, o ar frio continua dentro da área sobre o Ártico, com
probabilidades muito menores de queda de neve nas regiões Centro-Atlântico e
Nordeste. No entanto, os recentes picos de temperatura estratosférica estão a
causar preocupações sobre os impactos que poderão ter no futuro.
Amy Butler, cientista e investigadora do
Laboratório de Ciências Químicas da NOAA, disse ao jornal norte-americano que
os eventos de aquecimento estratosférico que desequilibram o vórtex polar são
disparados por um fluxo ascendente de “ondas atmosféricas em larga escala”.
A estratosfera pode então transferir energia em
ondas que se movem para baixo, levando a condições de temperaturas muito baixas
em algumas regiões. Isso aconteceu, por exemplo, no inverno de 2013 a 2014,
quando pedaços do vórtex polar causaram queda de neve pesada na Europa e
Estados Unidos.
Ricardo Tavares, meteorologista do Instituto
Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), explicou à Executive Digest que esta
separação do vórtex polar «vai trazer uma massa de ar bastante mais fria
essencialmente no Norte da Europa, já a partir de dia 7 de janeiro».
O responsável indica que esta massa de ar atinge
sobretudo a Alemanha, chegando até França e talvez Norte de Espanha. Em Portugal
«não há assim uma diferença substancial em relação ao frio dos últimos tempos,
(a massa de ar) poderá ser ligeiramente mais fria, mas já não vai chegar com a
mesma intensidade», afirma.
«Não há uma mudança significativa da massa de ar em
relação àquela que temos sentido nos últimos dias, e as temperaturas também não
vão sofrer grandes variações ao longo dos próximos dias», indica Ricardo
Tavares. «É possível que venha a ser emitido algum aviso laranja de tempo frio,
mas será uma situação pontual num determinado distrito», acrescenta.
O responsável explica que «as temperaturas vão
estar abaixo da média como tem acontecido, mas não são valores tão extremos»,
porque «não é exatamente a mesma massa de ar que vai afetar o Norte da Europa.
Vai acabar por chegar (a Portugal) mas mais alterada, não tão mais fria».
Há um ano:
Diário de
Notícias - em 30.01.2019
Por que faz tanto frio nos EUA? A culpa é do vórtex
polar
São temperaturas à
Day After Tomorrow - a visão de Hollywood sobre as alterações climáticas, de
2004, lembra-se? E o cenário é praticamente o mesmo: os Estados Unidos. Neste
caso, agora, está abrangida toda a região Norte, o Midwest (o centro do país) e
até alguns estados um pouco mais a sul, como o Alabama e a Georgia.
Uma vaga de frio polar está a assolar grande parte
dos Estados Unidos, num vasto território que concentra 75% da sua população. A
causa? O vórtex polar - a corrente de ventos em altitude, que durante o inverno
mantém o ar frio extremo confinado ao polo norte - quebrou e ficou enfraquecido.
E sim, as alterações climáticas já andam, provavelmente, por aqui. É para aí
que apontam os estudos.
Depois de uma quarta-feira em que os termómetros já desceram muito abaixo da média para a época em sítios como Mineápolis (- 24 graus Celsius), Chicago (- 27), ou o Dakota do Norte (- 37) com uma sensação térmica próxima dos 50 negativos por causa do vento gelado, a previsão das temperaturas para esta quinta-feira continuam a ser de arrepiar. As mínimas podem chegar a valores ainda mais baixos, batendo recordes de pelo menos três décadas.
Os avisos das autoridades têm enfatizado que estas
temperaturas podem matar em poucos minutos, recomendando por isso prudência e
medidas de segurança reforçadas.
O que está na origem deste frio extremo e repentino
- em menos de 24 horas as temperaturas chegaram a cair quase 20 graus nas zonas
mais afetadas - é o (mau) comportamento do vórtex polar, que se quebrou e ficou
enfraquecido, permitindo que o frio polar viesse por aí abaixo, até latitudes
por onde geralmente não anda - e aqui terminam as semelhanças com o Day
After Tomorrow. No filme, o que causava o frio extremo era uma disrupção,
em consequência do aquecimento global, da corrente oceânica que garante as
temperaturas relativamente amenas de inverno na Europa e na América do Norte.
Uma corrente de ventos em altitude
O vórtex polar é uma corrente de ventos que circula
de oeste para leste (no sentido contrário aos ponteiros do relógio) na
estratosfera, entre os 15 e os 20 quilómetros de altitude, durante o inverno, e
que assim mantém o frio polar invernal confinado ao polo. Às vezes, porém, o
vórtex quebra-se e enfraquece, o que permite que o ar frio polar desça a
latitudes incomuns, enquanto o ar quente sobre até às regiões polares.
Com menos gelo
oceânico no Ártico, o calor das águas passa para atmosfera, e acaba por
interferir com os ventos do vórtex, quebrando-o
O fenómeno não é novo, já aconteceu antes. Em 2014,
por exemplo, os Estados Unidos viveram uma situação similar esta, com uma vaga
de frio polar que pôs Nova Iorque e uma grande parte dos Estados Unidos debaixo
de um manto de neve, a tiritar. Mas os estudos apontam para que este tipo de
episódios - e de outros, como a onda de calor generalizada do último verão, na
Europa, no último verão, ou os episódios de chuva intensa e os tornados - estão
a tornar-se mais frequentes, em consonância com o que os modelos das alterações
climáticas já previam há mais de uma década.
Num comentário nada surpreendente, o presidente dos
Estados Unidos aproveitou esta ocasião para desacreditar, uma vez mais, as
alterações climáticas. "O que se passa com o aquecimento global? Por favor
volta depressa, precisamos de ti", escreveu no Twitter.
Na verdade, os cientistas já não têm dúvidas de que
os fenómenos meteorológicos extremos se tornaram mais frequentes, sobretudo na
última década e meia. Estudos do Instituto de Investigação de Potsdam sobre os
Impactos das Alterações Climáticas, um dos centros de referência mundiais nesta
área, apontam para isso mesmo, e inscrevem, justamente, essa tendência, no
contexto das alterações climáticas.
E nos Estados Unidos, apesar da tese de Donald
Trump, a ciência continua a ser ciência "Este tipo de disrupções do vórtex
polar estão a tornar-se mais frequentes do que eram", diz, citado pela
Wired, Judah Cohen, climatólogo no centro de investigação Atmospheric and
Environmental Research.
Um dos motivos para que isso aconteça, garante o cientista americano, é o aumento da temperatura e degelo que estão a ocorrer no círculo polar Ártico. "Sem esse gelo [oceânico] o calor das águas passa para atmosfera", e acaba por interferir com os ventos do vórtex, quebrando-o. Com as temperaturas a subirem no Ártico, a probabilidade destas disrupções ocorrerem também aumenta. No presente, e no futuro.
https://www.dn.pt/vida-e-futuro/por-que-faz-tanto-frio-nos-eua-a-culpa-e-do-vortex-polar-10512971.html
Publicado por: José Almeida